Encontro virtual do Gedim 11/03
A reunião do GEDIM desta quinta-feira, 11 de março, foi conduzida pelo doutorando Girley Vieira da Silva, que fez uma exposição sobre o ensaio do professor e filósofo Achille Mbembe, ‘Necropolítica’. As discussões perpassaram por questões como soberania, biopoder e políticas de morte. O texto de Mbembe dialoga com a concepção de Michel Foucault de biopoder, conceito introdutório para levantar a questão central do texto em torno da seleção de quem deve ou não morrer em sociedades voltadas a subjugação e/ou controle de corpos e expurgo do outro na criação de um ‘Outro’ inimigo.
Para isso, Girley explorou exemplos mundiais, como o período de genocídio dos povos judeus no Nazismo; e, o período escravocrata em que corpos e territórios africanos foram violentados e invadidos com a colonização europeia. Esses dois exemplos mostram que a necropolítica caminha lado a lado com o racismo, e é a preocupação racial que diferencia o conceito de necropolítica trabalhado por Mbembe de outros autores que trabalham essa temática, afinal, Mbembe nasceu em uma região africana de grandes conflitos e de intensa resistência à colonização e à exploração de corpos e da terra – Camarões, em 1957.
Também foi possível trazer exemplos mais recentes, advindas de governos ditatoriais que se perderam numa soberania cega de Estado na pós-modernidade. Sem se esquecer do tratamento que alguns governos têm dado à Pandemia, deixando povos marginalizados ainda mais esquecidos e ‘abandonados’ para a morte. Essa morte como consequência da doença somada a falta de acesso a vacinas, tratamentos e leitos de UTI, ou mesmo desemprego, violência, fome e miséria crescentes no período de crise.
Girley ainda amplificou o debate trazendo autores citados por Mbembe para construção do ensaio e imagens (fotografias e obras de arte) que proporcionaram releituras críticas, uma intertextualidade que foi fundamental para entender a linguagem filosófica do autor.