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Daniela Littig Endlich defende dissertação sobre post-relatos de mulheres vítimas de violência

Daniela defendeu, quinta-feira (31/7), a Dissertação “Post-relatos de mulheres vítimas de violência na página do instagram “Acervo de relatos mas ele nunca me bateu: o contradiscurso sob a lente dos Estudos Críticos do Discurso.” Participaram da banca a Profa. Dra. Renata Barreto da Fonseca (Sedu); a Profa. Dra. Záira Bomfante dos Santos (Ufes); e a orientadora e Presidente Profa. Dra. Micheline Mattedi Tomazi (Ufes).

Esta dissertação procura demonstrar que as violências não-físicas ocorrem na e pela linguagem. A página do Instagram “Acervo de relatos mas ele nunca me bateu” (ACMAS) é utilizada para que as mulheres relatem suas vivências de violências, quase sempre silenciadas pelo descrédito e falta de provas para que sejam denunciadas. Nesse sentido, o objetivo geral do trabalho é analisar discursivamente a Representação Social (RS) presente no contradiscurso das mulheres vítimas de violência psicológica, moral e patrimonial por parte de seus parceiros ou ex-parceiros em relações afetivo-conjugais publicados na página ACMAS.

Daniela argumenta que a página funciona como Movimento Social no combate à violência de homens contra as mulheres, incentivando a produção de atividades de repertório pelas seguidoras a fim de que elas compartilhem, anonimamente, as suas vivências de violência. Como aporte teórico-metodológico, a pesquisadora utilizou a abordagem sociocognitiva dos ECD de van Dijk (1992, 1993, 2000, 2008, 2011, 2014, 2015, 2016, 2021, 2024) enfocando os aspectos da tríade discurso-cognição-sociedade, da RS e das relações de poder. Os resultados indicam que algumas estratégias linguístico-discursivas, como a pronominalização, a adjetivação, o uso de modalizações verbais, além de estruturas discursivas dos relatos por meio de superestruturas narrativas foram mais recorrentes para a construção da RS das mulheres como protagonistas das violências sofridas, demonstrando uma autoapresentação positiva em relação ao reconhecimento das ações de violência, busca de independência e defesa de uma ideologia antimachista, ao mesmo tempo em que demonstram uma outroapresentação negativa de seu agressor como perpetrador de violências não-físicas utilizando atitudes, ideologia machista e conservadoras. A pesquisa também demonstra a importância da página ACMAS como MS em prol do reconhecimento de outros tipos de violência, além da física, dando as mulheres não só a oportunidade de serem ouvidas, mas também de marcarem um posicionamento de resistência e contradiscurso para reconhecimento de outras violências que, reconhecidas por outras tantas mulheres, possam motivar mudança nas práticas sociais machistas e patriarcais.

 

Profa. Dra. Micheline Mattedi Tomazi, Pesquisadora Daniela Littig Endlich, Profa. Dra. Renata Barreto da Fonseca (Sedu); a Profa. Dra. Záira Bomfante dos Santos (Ufes).

Profa. Dra. Micheline Mattedi Tomazi, Pesquisadora Daniela Littig Endlich e seus pais, Helena Littig Endlich e Lino Carlos Endlich Junior.

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